terça-feira, 15 de maio de 2007

Pingue-pongue (parte I)

Assim se chama o espaço de debate diário do jornal "Público", em que Helena Matos e Rui Tavares se degladiam saudavelmente em curtas mas incisivas crónicas.
O que me levou a escrever sobre este espaço foi o "reality check" único produzido por Helena Matos hoje mesmo.
Uma das grandes dificuldades com que a Europa e, mais concretamente, a União Europeia se tem deparado é a resposta a dar aos fenómenos de violência interna que vão assolando, com maior ou menor intensidade, os países membros. Vivemos numa época "sui generis" em que o relativismo moral parece um absoluto, o que constitui uma das mais caricaturais antinomias do ocidente moderno. Vivemos presos num "colete de forças" axiomático que, curiosamente, por nós foi criado. Antes que se disparem as customeiras críticas de que o mundo não é só a preto e branco, que também há um espaço cinzento onde os valores se confrontam tornando o determinismo inviável, devo dizer que não quero pôr em causa essa existência. O que digo, sim, é que quando confrontados com o preto ou o branco, não podemos procurar subterfúgios, tácticas subreptícias, quase conspiratórias, que invariavelmente apontam como culpados os suspeitos do costume - a Sociedade e as suas injustiças. Vamos a ver, quando um crime é cometido, alguém é julgado e condenado, cumprindo a sua pena, assim reafirmando a paz social e, esperançosamente, convertendo-se em alguém melhor que não irá reincidir no mesmo comportamento, somos forçados a ver aí um sucesso e mais, Justiça. Não fazemos qualquer tipo de distinção se o crime foi cometido por alguém de esquerda ou de direita, se por rico ou pobre (embora tal possa servir como algo a considerar na medida da pena do agente), em suma, se o crime é bom ou mau. O crime é em si mesmo um mal, se assim não fosse não reagiria a sociedade com tanta veemência contra ele. Ora se assim é, pergunta-se, porque é que de cada vez que acções criminosas como as que aconteceram em bairros problemáticos em França, ou mais recentemente entre nós, em Lisboa (na célebre Rua do Carmo), merecem um sem número de explicações sociológicas, redundando numa espiral de argumentos que convencem tanto quanto as acções que lhes deram origem. O objectivo óbvio parece claro, desculpabilizar e fazer gincana política com essas situações sempre a favor dos mesmos, a esquerda e extrema esquerda.

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