domingo, 10 de fevereiro de 2008

Nothing but the truth



O programa chama-se "Nada além da verdade", é uma cópia do original americano "Nothing but the truth" e passa as domingos no canal brasileiro SBT (Sistema Brasileiro de Televisão). Consiste, no seu âmago, em humilhar alguém (ao que parece uma celebridade) suficientemente estúpido que se preste a um teste de detector de mentiras sobre a sua própria vida. Será que o actor X roubou, matou, violou, copiou, etc. À verdade corresponde um prémio em dinheiro.

O que me leva a escrever sobre este mórbido programa, bem ao estilo da televisão sul americana, nem é tanto o conteúdo, nem o ambiente "Big Show SIC", mas antes o protagonista, o apresentador Sílvio Santos.
Supostamente trata-se de uma prestigiada estrela, um apresentador consagrado. Independentemente da valia técnica/artística do mesmo, há um aspecto que me intriga, ou melhor, que me assusta. Este senhor parece ser um ciborgue, metade homem, metade máquina. É que se já é estranho o facto de ele se deslocar com um microfone aparafusado ao peito (ao velho estilo dos vendedores de feira), ainda mais esotérico é o estilo automático, profissional é certo, mas profundamente ensaiado. Parece um daqueles apresentadores dos anos 50, com a voz perfeitamente colocada, sempre sorridente, algo decadente no aspecto. Vocês sabem como é, arranjado por fora, mas aparentemente destroçado por dentro. É como se se tratasse de um autómato que se liga e desliga ao ritmo do programa. No fundo uma personagem criogenicamente preservada e que se tira do frigorífico quando se precisa.

Independentemente dos gostos de cada um, este é um exemplo claro do 3º mundismo dos países que passam os domingos a assistirem a este ópio composto de uma cacofonia de sentidos que mais não pretende do que confundir os que a ele assistem.
Só alguém perdido pode encontrar algo aqui.

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