Segunda-feira de Julho, Residência Costellazioni, 12:00.
Dia de tréguas nas guerras Erasmus, nada de festas, nada de batalhas pelo ceptro de melhor catalisador humano do mundo, só resta o silêncio.
Acordo para o marasmo, entristecido de antemão por saber que só eu não tinha aulas naquela manhã (ou pelo menos era o que eu fazia crer a mim mesmo).
Dou por mim, portanto, sem obrigações. Nada a fazer, nada para fazer.
Próximo passo, sair da cama. São já 1:15. Penso para mim, "a esta hora já nem com patins chego a tempo de comer na cantina" (fechava às 2:30).
Para cada problema há (pelo menos) uma solução. Abro o frigorífico, nunca o Sara fora tão gelado.
40º lá fora, espera-me um caminho de 200 metros até ao supermercado (saudoso Coop onde uma venezuelana, que vivia na residência, trabalhava. Tanto colatelo papei, pagando-o ao preço do vulgar prosciuto. Obrigado Cris!). Cada passo é um quilómetro, cada metro uma odisseia. O suor escorre em cascata. Não quero saber, os outros também hão-de suar e acabei de tomar banho.
Chego finalmente ao meu destino, entro no céu, ar condicionado a toda a potência. Pego na pequena cesta e faço-me à aventura dos prazeres. Pego em tudo, iogurtes Muller, fruta, pão de forma Mulino Bianco (do pacote laranja que é mais fofo), sortido da mesma marca. Charcutaria, ora venha de lá mais um etto (cerca de 100 ou 150 gramas, nem me lembro bem) de colatelo, ao preço de amigo está claro, mortadela e salame milano. É dia de festa, venha a pancetta.
Morro de fome, mas já não há água em casa, toca a pegar num "six-pack" que lá não havia garrafões.
Pago e de novo me faço herói, ao caminho que se faz tarde.
Prestes a chegar, ensopado no meu próprio lodo, sou parado por dois amigos (ela francesa, ele italiano) que inacreditavelmente conversam amenamente, prostrados a um sol abrasador. "Uau che carino sei oggi" diz-me ela. E eu, "iobrigadinha, mas tá um calor de morte e ainda não almocei, elogias-me mais logo" (em italiano, pois com certeza).
Passo o cartão no leitor que dá acesso à entrada, a porta abre-se. Finalmente cheguei!
Almoço sozinho no quarto e espero que o Andrea acorde (para o que deveria faltar 1 hora).
Desço, falamos de tudo e de nada, esperamos que cheguem os outros e às 7 vamos todos ao café Rally beber uma cerveja.
Jantamos, rimos, calamos e de novo regressamos ao Rally, desta feita para um belo café com gelo.
É uma e meia da manhã, estão ainda 28º, mas é tempo de descanso. O dia termina porque nós assim o quisemos.
Amanhã há aulas.
sábado, 20 de setembro de 2008
40º
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